Intuição

"O que é Intuição"
de autoria do Venerável Professor Henrique José de Souza

Buda ensinava a seus discípulos expondo, sem igual, as cinco meditações da alma (segundo os 5 dedos e os 5 sentidos), com estas palavras:
"Há cinco espécies de meditação:
A primeira, é a do AMOR, pela qual teu coração desejará a prosperidade a todos os seres, inclusive aos teus inimigos.

A segunda, é a de COMPAIXÃO, que se moverá a pensar em todos os seres angustiados, representando vivamente em tua imaginação, suas penas e ansiedades, e sentindo para com eles profunda comiseração.

A terceira, é a da ALEGRIA, durante a qual pensarás no bem-estar e contentamento dos demais.
A quarta, é a meditação sobre a IMPUREZA, durante a qual considerarás sobre as funestas conseqüências da corrupção dos efeitos da falta de saúde e da enfermidade, pensando quão frívola ela o é, mas, quão fatais são seus resultados.

A quinta, é a meditação sobre a SERENIDADE, durante a qual te sobreporás ao Amor e ao Ódio, a tirania e a sujeição, a riqueza e a pobreza, considerando tua sorte com perfeita tranqüilidade".

Estas são as regras de Ritmo moral, que afinam a Alma para que tome parte na grandiosa Sinfonia do Ritmo Cósmico.
Sim, porque o Ritmo é Ordem e somente pela Ordem tudo pode ser alcançado.
Comecemos pelas coisas triviais, pondo ordem em nossos propósitos, atos e pensamentos mais insignificantes. A alma acabará contrariando o hábito da ordem, e suas vibrações serão cada vez mais harmônicas e responsivas a tudo quanto venha dos planos superiores.

Nunca devemos esquecer que a sublime Tríade: Beleza, Bondade e Verdade, harmoniza-se perfeitamente com as exigências de Harmonia, Melodia e Ritmo, assim como se disséssemos que, afinados por um só e mesmo Diapasão de Beleza, Bondade e Verdade, fazemos vibrar as "3 Cordas de nossa Lira", que tanto vale por Corpo, Alma e Espírito; Pai, Filho e Espírito Santo, ou segundo o Orientalismo: Brahmã, o Criador; Shiva, o Destruidor ou Transformador e Vishnu, o Conservador (ou Equilibrante), etc.

"A Música, já dizia o grande Beethoven, é uma Revelação muito mais sublime do que toda Sabedoria ou Filosofia. Ela é a única introdução incorpórea no mundo superior do Saber, esse mesmo mundo que rodeia o homem, cujo significado interior não se percebe por conceitos reais; a parte formal daquela é simplesmente o veículo necessário que revela por meio de nossos sentidos, a vida espiritual".

O que pode ser acrescido dentre outras palavras de quem só conhece Música por INTUIÇÃO:
A Música é o esquema filosófico intuitivo do Universo inteiro; o plano ou mapa da Metafísica Universal. Toda música emana de um Foco e se estende em ondas, como os vitais eflúvios do Astro do dia; como o despregar do Cosmos no momento da criação, se é que as deduções da Mente humana em presença da imensidade, possuem algum valor. Essas ondas espalham-se no espaço por uma ordem harmônica em séries regulares: é a Lei do Ritmo. E como esta Lei Universal, acham-se representadas na Música todas as essências, todas as categorias de filósofos; todas as substâncias universais, ou antes, da perceptibilidade para outros.

Porquanto, a música mental é também manifestada, enquanto se revela a Consciência com todos os seus elementos constitutivos, com toda a integridade de seu significado, com a sua plena coordenação. As idéias de tempo no Absoluto e de duração no Relativo. De espaço, em razão da intensidade sonora, pois, segundo ela, as ondas são projetadas a maior ou menor distância e não resta a menor dúvida que, no domínio dos impalpáveis fluídos, tal coisa ocorra com as vibrações mentais, que são a Alma e a Essência das vibrações sonoras; as idéias de ser ou de Existência; o eterno contraste e a Harmonia por complemento, que é, no fundo, a própria lei biológica da sexualidade; a raiz do Amor; base e peso na Arquitetura; motivo e fundo no claro-escuro; aparição do matiz complementar na sombra de cada cor, tanto nos cromatismos naturais, como nos reproduzidos pela arte pictórica; tudo, enfim, encontra-se na Música, até a afirmação da Existência e a expressão da Atividade inerente ao Ser manifestado em seus poderes primordiais de: Vontade, Mente e Emotividade; porém, expressão intuitiva à percepção das vibrações mentais ou sonoras, posto que não necessitamos contá-las para apreciarmos a afinação ou sua falta.

E todavia, há muito ainda na Música: a aspiração à Harmonia, o anelo para a Perfeição Absoluta para a fruição do deleite próprio; a mais pura, do deleite compartilhado entre muitos, e mais elevada ainda, do deleite altruísta: a satisfação de desfrutar, porque o músico, ao criar uma beleza, sente antecipada a felicidade dos que a vão conhecer mais tarde; em uma palavra, todas as condições eubióticas! Tudo quanto é capaz de melhorar e fazer ditosa a vida humana, está encerrado na Música. E mais do que em outra qualquer, nas de Beethoven e Wagner.

A Música teve sempre domínio sobre as almas. Porém, Beethoven e Wagner chegaram a ser os maiores magos no manejo desse Poder Colossal, que extasia as almas e as conduz pelas regiões sublimes do Espaço, em busca de sua Origem!

O fenômeno, portanto, da Tríplice Manifestação Divina, quer na Música, quer nas Artes, quer nas Ciências, nos indivíduos, ou nas Nações, etc., merece ligeiro estudo a respeito das 3 GUNAS, ou qualidades de matéria.

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