Nome de Rua


O orgulho produz a arrogância. São duas chagas que acabam por sangrar trazendo muito sofrimento. Uma boa parcela de nossas perdas na vida tem aí suas primeiras e mais remotas causas. O orgulhoso não sabe calar e transforma alfinetada em facadas.

Moacir era tão orgulhoso que não conseguia falar de suas fraquezas. Ante as pessoas nunca era verdadeiro. Sempre fazendo tipo. Queria ter-se em alto conceito e valorizado ante todos. Ocupou posição de destaque na comunidade em que vivia e conseguiu passar uma imagem de bem feitor, embora usasse o patrimônio da comunidade até para satisfazer seus prazeres. Ganhou até uma estatua na praça principal. 

Como tinha um forte magnetismo, não lhe faltou a fascinação de mulheres fracas de espíritos que se entregavam a ele pelo “glamour” que exteriorizava. Muitas viam nele uma pessoa que as aceitavam, quando na verdade a aceitação era um instrumento de conquista e para cativar.

Desencarnou na meia idade de infarto. Porém, e sempre tem um porém, a morte veio destruir seus sonhos e ilusões. Com o tempo tudo mudou na comunidade e ele passou a ser um simples nome de uma viela cujos moradores não tinham ideia de quem tinha sido. A estátua foi removida da praça e acabou esquecida num deposito municipal. 

Ele viveu na espiritualidade momentos muito amargos e após alguns anos foi socorrido. Ao apresentar melhoras foi designado para ser uma espécie de vigilante espiritual da viela que levava seu nome. Ali, os sofrimentos e lágrimas se multiplicaram ao ter que dar socorro a situações em que envolviam crimes repugnantes e que ficavam impunes.

Após 60 anos reencarnou em uma família do local. Como as demais famílias dali, todas pobres e muito ignorantes. Teve uma infância difícil. Chegou a vida trazendo reminiscências instintivas da vida anterior e do período de vigilante espiritual da viela que o empurraram para as drogas. 

Agora o encontramos, ainda jovem, preso ao leito de um abrigo publico, com paralisia devido às suas peripécias, com lesões na coluna vertebral. Faltava-lhe tudo e o pior é que a instituição era a mesma que ele desviara muitos recursos na sua encarnação “gloriosa”. 
 
Resumo inspirado na leitura do livro “Violetas na Janela” de Vera Lucia Marinzeck/espírito de Patrícia – Editora Petit
E mail do autor rsergio39@yahoo.com.br


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