:: Rosana Braga ::
Pode ter certeza: nada acontece da noite para o dia,
ou seja, sem que nenhum evento explícito ou mesmo algum sinal anterior tenha
indicado o rumo dos acontecimentos. Isto é, no amor e na vida em geral, vale
ficar atento ao dito popular "cego é aquele que não quer ver!".
Gente cega, ou melhor, não querendo ver existe aos
montes. E é até compreensível se considerarmos que ninguém, em sã consciência,
fica esperando ansiosamente para que tudo dê errado em sua própria vida. Então,
preferimos não acreditar, nem pensar, talvez disfarçar ou até tentar driblar o
destino tal qual ele anda se mostrando.
Mas o fato é que a vida avisa, sim. Sempre manda
sinais. E quanto mais a gente finge que não vê, quanto mais a gente insiste em
agir como se estivesse tudo certo, ignorando dores, incômodos e irritações,
mais desastrosas serão as consequências. Mais difícil vai se tornar o conserto.
Mais distantes ficaremos do que é essencial.
A questão é: o que fazer diante da constatação de que
algo precisa ser mudado? Como lidar com a percepção, intuição ou sensação de
que seu relacionamento anda mal, estranho, desequilibrado, fragilizado ou adoecido?
Bem, reconhecer esse quadro emocional já é um bom começo, mas nada de pânico ou
ansiedade descontrolada, porque isso só serve para levá-lo a conclusões e ações
precipitadas e, muito provavelmente, equivocadas.
Sendo assim, respire fundo e, neste exato momento,
apenas relaxe os músculos e se dê um tempinho para refletir sobre qual a melhor
atitude a tomar. Tome consciência do que é seu neste cenário. Quais são os seus
sentimentos? O que você realmente quer? Quanto está disposto a tentar curar e
salvar esse amor, de verdade? Não se deixe enganar pelo orgulho ou pelo medo.
Encha-se de bom senso e de sua inteligência afetiva.
Lembre-se de que toda história, inclusive esta
história que você está vivendo agora, tem dois lados: o seu e o da outra
pessoa. Cada um enxerga o que está acontecendo a partir de suas crenças, de
seus valores e do modo como aprendeu a validar cada um deles. Portanto, saiba
que você terá de ouvir e considerar o que o outro está sentindo e pensando
sobre o que estão vivendo. Sem isso, não há nem como começar qualquer boa
intenção...
Depois, com os pensamentos e os sentimentos mais
claros para si mesmo, tente ser o mais coerente possível. Não porque qualquer
parte disso tudo tenha a ver com um estar certo e o outro estar errado ou quem
tem mais razão ou mais certezas. Mas porque a felicidade só é possível no
encontro íntegro e honesto entre o que você deseja, pensa, sente e faz.
Adoraria poder dizer que, ao se dispor a ouvir a
versão do outro e ao se dispor também a falar sinceramente sobre o modo com que
você enxerga esta situação, o que vai mal passaria a ir bem. Mas não é
exatamente assim que os problemas se resolvem. Aliás, nem me atreveria a dizer
que as questões do amor se tratam de problemas a serem resolvidos.
Amar é um exercício diário que tem muito mais a ver
com flexibilidade, ajustes, crescimento e amadurecimento do que com posturas
enrijecidas e inflexíveis ou decisões absolutas. Nada é absoluto no amor porque
ele é vivo, pulsa, vibra e transforma - a si, ao outro e ao mundo!
Quanto mais você olhar de frente, quanto mais você se
ver e reconhecer o que é seu, diferenciando-se do outro e admitindo que os dois
estão implicados no rumo que esta relação tomou para que chegasse onde está,
mais preparado para lidar com o que vier você estará.
Pode ser dor, aprendizado, culpa, raiva, medo,
insegurança e tristeza. E tudo isso faz parte de um encontro verdadeiro. Mas
pode ser também, e certamente será, uma humanidade linda, mais amor, perdão,
alegria e compreensão. E, sobretudo, a percepção de que não existe nada mais
incrível e mágico do que encarar o próprio coração e o coração do outro como a
maior oportunidade de se descobrir fazendo tudo isso valer muito a pena!
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