A vida não para!

.:: por Roberto Sérgio Carneiro ::.

Eu ia renascer e estava cada vez mais difícil suportar o remorso que impelia a necessidade do reparo para a minha reconstrução. Até que tentei enganar a mim mesmo com a ilusão de que daqui, como espírito, poderia até ajudar inúmeras pessoas que prejudiquei. Mas não dava mais. 

Aqui não dá para esquecer as mentiras, as pilantragens, as calúnias, o pouco caso, as desonestidades com os outros, e toda a vaidade e a arrogância com que tinha conduzido minha vida. Fui um escritor de peças teatrais e após a vida, pude acompanhar as pessoas que assistiam ao que eu escrevia. Foi muito doloroso ver com eu as influenciava para o cinismo de um anedotário, que desvalorizava até os gagos. 

Cada gargalhada era como apunhaladas no mau uso do talento com o qual nascera. O tempo passou rápido e eu estava na véspera de ser internado na instituição espiritual que iria me preparar para a nova jornada. Conversando com um amigo, lembro-me das suas palavras de encorajamento: 
- “Rui, o tempo passará rápido e logo estará de volta. Conte sempre conosco e te incentivaremos com boas idéias e até onde tu permitas poderemos te proteger, principalmente de ti mesmo. Nós todos sabemos que revestir o corpo físico não é fácil para os que saem daqui consciente de suas dificuldades. A ilusão da carne é prova dificílima. Sei que escolheste o caminho certo e parabenizo tua coragem de mergulhar na escuridão do esquecimento, para construir uma nova personalidade. Ficar se remoendo de remorsos, acabará te enlouquecendo e dificultando ainda mais as circunstancias do nascimento. Escreverás desta vez para edificar as pessoas".


Relato baseado no estudo a partir do item 4, do Capítulo IV do “Evangelho Segundo o Espiritismo” de Allen Kardec – rsegio39@yahoo.com.br